SAÚDE ORAL: SAIBA MAIS SOBRE A DOENÇA PERIODONTAL

Seu animal come comida de qualidade, você oferece diferentes estímulos mentais pra ele ao longo do dia e ele está imunizado corretamente dentro do protocolo individualizado dele… mas e a saúde da boquinha? Como anda?
Você provavelmente já ouviu que “a saúde começa pela boca”. Essa frase faz muito sentido e você verá o porquê neste artigo sobre doença periodontal!

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Infelizmente 85% dos cães e gatos hoje apresentam doença periodontal. E essa porcentagem pode aumentar muito mais quanto mais velhos ficam nossos animais.

Mas o que é a doença periodontal? É a doença que acomete o periodonto, ou seja, o conjunto formado pelo cemento, gengiva, ligamento periodontal e osso alveolar. Essas estruturas têm como principais funções a proteção e o suporte do dente.

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Anatomia do dente

A doença periodontal normalmente é de caráter crônico, pode culminar na perda dos dentes e infelizmente é muito comum.

COMO ELA ACONTECE?

Dentro da cavidade oral existe uma microbiota local, ou seja, um conjunto de microrganismos que habitam naturalmente a boca. Essa microbiota tem capacidade de se aderir na película translúcida que recobre o esmalte do dente organizando-se em forma de biofilme, que é a placa bacteriana.

A placa dentária ou placa bacteriana é uma massa dentária densa, não calcificada, invisível macroscopicamente, firmemente aderida à superfície do dente e resistente à remoção pelo fluxo salivar. Quando ela mineraliza é denominada de cálculo ou tártaro dentário.

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Fonte – Douglassville Veterinary Hospital

Já a cárie acontece quando há uma descalcificação destrutiva dos tecidos duros do dente, acompanhada de degradação enzimática da matriz orgânica. Os cães e gatos têm cárie, mas numa frequência bem menor que nos humanos.

Um estudo publicado no Journal of Veterinary Dentistry identificou a incidência de cárie em apenas 5,25% dos cães. Já em um levantamento com 2300 cães realizado no Odontovet, um Centro Odontológico Veterinário com unidades no estado de São Paulo, entre os anos de 2001 a 2005 notou-se a incidência de cárie de somente 1,1% entre esses animais.

Isso se deve a alguns fatores hipotéticos, como a presença de flúor na água potável, o pH mais elevado da saliva desses animais, além de diferenças na microbiota oral e na anatomia dentária (dentes em formato mais cônico, sem muitas fissuras). Entretanto isso não exclui a necessidade dos cuidados com a boca dos nossos animais.

O QUE ACONTECE NA DOENÇA PERIODONTAL?

A lesão mais notável nesta doença é a reabsorção do osso alveolar, o que gera a maioria dos sintomas. Ocorre aumento dos espaços entre os dentes, presença de tártaro, gengivite, retração gengival com exposição gradual do colo e raiz dentários, alargamento do sulco gengival, formação de bolsa periodotal (um ambiente propício para proliferação de bactérias patogênicas para o periodonto), ulceração da gengiva, aumento da mobilidade dentária e, por fim, perda do dente.

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Fonte – Douglassville Veterinary Hospital (Adaptado)

Outros sinais clínicos que são mais facilmente notados pelos tutores: sangramento gengival, mau hálito, dificuldade de mastigar e preferência por alimentos mais macios.

Além desses problemas concentrados na região da boca, alterações sistêmicas também podem ocorrer, e é aí que mora um dos principais problemas desta doença!

Bactérias e seus fragmentos podem atingir os vasos sanguíneos, o que pode causar infecções ou inflamações em diferentes órgãos, como fígado, coração, rins e até mesmo em articulações. Se seu animal tem doença periodontal há muito tempo, o corpinho dele está sob constante risco!

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Fonte – Vet Hospital Port Shepstone

E SE A DOENÇA PERIODONTAL JÁ ESTIVER INSTALADA?

O tratamento depende do grau da doença, que vai do estágio 1 ao estágio 4. O procedimento cirúrgico mais comum na rotina é a tartarectomia, ou também chamada de limpeza de tártaro. Ela é realizada apenas com anestesia geral e garantia de vias aéreas patentes, além do uso de fármacos analgésicos. Alguns dos motivos pelos quais a anestesia é necessária:

  • Segurança tanto para o médico veterinário quanto para o animal;
  • Redução do estresse e controle efetivo da dor;
  • Facilidade de manejo por imobilização do animal, o que permite uma intervenção odontológica completa;
  • A insuflação do tubo endotraqueal utilizado durante o procedimento impede que fluidos e fragmentos de cálculos atinjam o trato respiratório;
  • Permite extração dentária segura, caso haja necessidade.

MAS A ANESTESIA É SEGURA?

Sim! Hoje em dia são utilizados anestésicos de extrema qualidade e segurança. Além disso, antes do procedimento são necessários exames de sangue e, dependendo da idade do animal, um eletrocardiograma para verificar se ele está apto a ser anestesiado.

Outro fator que traz segurança é a presença do anestesista, que fica ao lado do animal monitorando-o o tempo todo. O risco do animal permanecer com a doença periodontal instalada é muito maior do que os mínimos riscos que uma anestesia traz, riscos estes que são controláveis facilmente também. A anestesia deve ser considerada aliada nesse processo. Lembrem-se que o animal com doença periodontal dorme e acorda sob inflamação, que muitas vezes é silenciosa!

E COMO PREVENIR?

Prevenir é sempre melhor do que remediar, não é mesmo? Então quando começar a prevenção? Quanto mais cedo melhor, para que o filhote acostume com a manipulação da boca desde cedo!

Comece de forma gradual, acostumando-o com o gosto da pasta de dente primeiro e depois manipulando a boca com cuidado, massageando e escovando dentes e gengivas delicadamente. Comece com os dentes mais fáceis de serem alcançados e depois acostume seu animal a deixar escovar os dentes do fundo da boca também!

Você pode utilizar escovas de dente próprias para cães e gatos, dedeiras, pastas de dente e lenços umedecidos específicos. Vale ressaltar que as pastas de dente utilizadas devem ser específicas para cães e gatos, uma vez que eles não têm como enxaguar a boca e cuspir, como nós fazemos.

O reforço positivo aqui é bastante benéfico. Se ele colaborar com o procedimento, “faça festa”, elogie-o, dê carinho, para que ele associe este momento como algo positivo, onde no final ele é sempre recompensado!

E se seu animal já não for filhote mais e for resistente à manipulação oral existem outras ferramentas que podem colaborar com a limpeza.

Existem vários produtos no mercado hoje para te ajudar nessa tarefa, como os brinquedos que auxiliam na abrasão dentária, espumas, soluções orais para colocar na água de beber (aqui vale a orientação de não utilizar produtos com xilitol, uma vez que este composto é tóxico para cães e gatos), pó para colocar junto à comida do animal, sprays e até mesmo petiscos com função de promover a saúde oral.

Além disso, oferecer regularmente ossos recreativos naturais podem ser uma ferramenta aliada na prevenção da doença periodontal, mas devem ser indicados com cautela pelo veterinário levando em consideração questões como o porte do animal, a raça e o grau da doença periodontal instalada.

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Diferentes opções para a saúde oral dos nossos pets

Consulte seu médico veterinário para que ele indique qual o melhor produto e alternativa pro seu animal.

E com qual frequência escovar os dentes do meu animal?

A lógica é a mesma para nós humanos… então se puder todos os dias, ótimo. Quanto mais vezes na semana você conseguir, melhor será para o seu animal.

A RAÇÃO AJUDA NA ABRASÃO?

Os animais, por instinto, só mastigam o que não conseguem engolir naturalmente, portanto a maioria deles não mastiga as rações. O que o animal faz é quebrar alguns grãos (10-15% do que engolem), o que funciona muito mais como diversão do que como ato de mastigação.

AGORA QUE VOCÊ JÁ APRENDEU…

Por isso é importante levar seu animal ao veterinário anualmente para check-ups. Além dos exames de rotina que podem apontar para uma doença silenciosa, o veterinário pode avaliar a saúde oral do seu pet e te orientar caso providências precisem ser tomadas. Se houver necessidade, ele pode encaminhar seu animal para um especialista para que o diagnóstico seja mais assertivo e o tratamento mais efetivo!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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